quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Aos clubes cariocas, sobre o rebaixamento

Rafael Sobis e Juninho Parnambucano

Não venho falar que o Fluminense tem que pagar a Série B ou que o Vasco teve todos os seus ídolos de outras décadas rebaixados nesse novo milênio. Isso é papo de zoação entre torcidas. O buraco é mais embaixo: venho falar de futebol. Reparem que não escrevi football, pois quero falar sobre o esporte nacional, brasileiro, que a molecada aprende desde cedo na hora do recreio escolar, entre as 4 linhas.

Quero falar com os torcedores que vibram e não se contentam somente em ir aos estádios, mas ficam de pé para assistir atentamente a cada lance do seu time de coração. Gente que comemora o gol abraçando desconhecidos e celebra a vitória com os amigos entornando cerveja gelada. Gente que tem sentimento, que vibra, que torce, que assiste aos jogos, que por vezes perde a razão, xinga o juiz e até a coitada da mãe dele.

Tricolores e vascaínos, sem ironia, entendo a dificuldade em ver seus times indo novamente para a 2ª divisão. Deve ser chato. Também não gostaria de ver o meu. No entanto, essa apelação sobre escalação irregular chega a ser ridícula frente aos fatos. A discussão sobre a letra da lei do CBJD é pequena demais quando observado o mundo real, para o qual a lei deve servir.

O Flamengo jogou contra o Cruzeiro praticamente de maneira comemorativa. Eu fui ao novo Maracanã como se estivesse indo assistir a "amigos do Brocador" versus "amigos do Júlio Baptista". Foi um jogo de campeões brasileiros de 2013. No início do jogo houve abraços, entrevistas, fotos e distribuição de camisas, era uma celebração. A ressaca dos jogadores era visível. Flamengo campeão da Copa do Brasil e Cruzeiro comemorando o merecido título antecipado do Brasileirão. Esse jogo tinha importância tão pequena, mas tão pequena, para o Campeonato Brasileiro, que foi antecipado para o sábado de forma a não concorrer com os demais, que realmente podiam mudar as situações dos clubes para o ano seguinte. A antecipação não ocorreu por mero acaso. Para ambos os lados, ganhar não fazia a menor diferença, o jogo não valia absolutamente nada. Os dois times podiam até ter escalado o Zico e o Tostão de forma irregular para enriquecer ainda mais a festa e os gritos das torcidas.

Ai vem a CBF me dizer que o André Santos, neste último jogo, fez alguma diferença? Chega a ser cômico! Não caiam nessa, torcedores cariocas... Numa boa, aqui entre a gente, os clubes rebaixados podiam ter corrido atrás do pontinhos no campo entre duas traves, como fizeram a Portuguesa e o Criciúma no 2º turno. Entrar nesse debate é fugir à realidade de que a queda era de fato merecida. E morreu aqui, mas o Fluminense e o Vasco são times grandes, um será campeão e o outro vice da Série B. Não precisavam disso.

Mas tá certo, futebol é paixão.


Link complementar:
http://globoesporte.globo.com/jogo/brasileirao2013/07-12-2013/flamengo-cruzeiro.html